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A vida de Richard Strauss pela mão de Pauline de Ahna

  • Basílica dos Congregados Avenida Central, 98 Braga, 4710-229 Portugal (mapa)
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A vida de Richard Strauss pela mão de Pauline de Ahna

Inês Simões, soprano
Pedro Costa, piano
Miguel Simões, violino
Joaquim Ribeiro, clarinete


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PROGRAMA

Richard Strauss (1864 - 1949)
Sonata em Mi bemol Maior para violino e piano | 1888 |TrV 151 | Op. 19

I. Allegro ma non troppo
II. Improvisation: Andante Cantabile
III. Finale: Andante - Allegro

Quatro Últimas Canções | 1948 | Arranjo de por Ross Fides para voz, clarinete, violino e piano

1. "Frühling"

("Primavera") (Autoria: Hermann Hesse)

In dämmrigen Grüften
träumte ich lang
von deinen Bäumen und blauen Lüften,
Von deinem Duft und Vogelsang.

Nun liegst du erschlossen
In Gleiß und Zier
von Licht übergossen
wie ein Wunder vor mir.

Du kennst mich wieder,
du lockst mich zart,
es zittert durch all meine Glieder
deine selige Gegenwart!

Em cavernas sombrias
sonhei longamente
com suas flores e céus azuis,
com seus odores e cantos de pássaros.

Agora você está revelada
com todo o brilho e adorno,
inundada de luzes
como um milagre diante de mim.

Você me reconhece novamente,
você me atrai docemente,
todos os meus membros tremem
com sua bem-aventurada presença!

Composta em 20 de julho de 1948

2. "September"

("Setembro") (Autoria: Hermann Hesse)

Der Garten trauert,
kühl sinkt in die Blumen der Regen.
Der Sommer schauert
still seinem Ende entgegen.

Golden tropft Blatt um Blatt
nieder vom hohen Akazienbaum.
Sommer lächelt erstaunt und matt
In den sterbenden Gartentraum.

Lange noch bei den Rosen
bleibt er stehn, sehnt sich nach Ruh.
Langsam tut er
die müdgeword'nen Augen zu.

O jardim está de luto.
A chuva cai fria sobre as flores.
O verão estremece em silêncio,
aguardando o seu fim.

Douradas, folha após folha caem
do alto pé de acácia.
O verão sorri, surpreso e lânguido
no sonho moribundo do jardim.

Muito tempo ainda junto às rosas
ele se detém, aspirando ao repouso.
Lentamente ele fecha
seus olhos cansados.

Composta em 20 de setembro de 1948

3. "Beim Schlafengehen"

("Going to Sleep") (Texto: Hermann Hesse)

Nun der Tag mich müd' gemacht,
soll mein sehnliches Verlangen
freundlich die gestirnte Nacht
wie ein müdes Kind empfangen.

Hände, laßt von allem Tun,
Stirn, vergiß du alles Denken.
Alle meine Sinne nun
wollen sich in Schlummer senken.

Und die Seele, unbewacht,
will in freien Flügen schweben,
um im Zauberkreis der Nacht
tief und tausendfach zu leben.

Agora que o dia me cansou,
serão meus fervorosos desejos
acolhidos gentilmente pela noite estrelada
como uma criança fatigada.

Mãos, parem toda atividade.
Fronte, esqueça todo pensamento.
Todos os meus sentidos agora
querem mergulhar no sono.

E minha alma, sem amarras,
deseja flutuar com as asas livres
para, na esfera mágica da noite,
viver uma vida profunda e múltipla.

Composta em 4 de agosto de 1948

4. "Im Abendrot"

("Evening") (Texto: Joseph von Eichendorff)

Wir sind durch Not und Freude
gegangen Hand in Hand;
vom Wandern ruhen wir
nun überm stillen Land.

Rings sich die Täler neigen,
es dunkelt schon die Luft
.Zwei Lerchen nur noch steigen
nachträumend in den Duft.

Tritt her und laß sie schwirren,
bald ist es Schlafenszeit.
Daß wir uns nicht verirren
in dieser Einsamkeit.

O weiter, stiller Friede!
So tief im Abendrot.
Wie sind wir wandermüde
Ist dies etwa der Tod?

Através de dores e alegrias,
nós caminhamos de mãos dadas;
agora descansamos da nossa errância
sobre uma terra silenciosa.

Em torno de nós se inclinam os vales
e já escurece o céu.
Apenas duas cotovias alçam voo,
sonhando no ar perfumado.

Aproxime-se, e deixe-as voejar.
Logo será hora de dormir.
Venha, que não nos percamos
nesta grande solidão.

Ó paz imensa e tranquila
tão profunda no crepúsculo!
Como nós estamos cansados dessa jornada -
Seria talvez isso já a morte?

Composta em 6 de maio de 1948


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SINOPSE

Este recital propõe um retrato íntimo e profundo de Richard Strauss (1864–1949), cruzando duas obras que encerram, simbolicamente, os extremos do seu percurso criativo: a juventude exaltada da Sonata para Violino e Piano em Mi bemol maior, Op. 18 (1888), e a serenidade crepuscular das Vier Letzte Lieder (1948), apresentadas numa rara versão de câmara para voz, clarinete, violino e piano.

A sonata, composta no auge do primeiro romantismo tardio alemão, revela uma escrita intensamente lírica, virtuosística e formalmente ambiciosa. Nela coexistem o ímpeto juvenil, o gesto wagneriano e uma delicadeza melódica que já prenuncia o lirismo característico de Strauss.

As Quatro Últimas Canções, aqui apresentadas no arranjo de Ross Fides, constituem um dos mais sublimes testamentos musicais do século XX. Inspiradas em poemas de Hermann Hesse e Joseph von Eichendorff, as canções evocam o fim da jornada terrena com uma linguagem etérea, contemplativa e de rara beleza, numa meditação musical sobre o silêncio, o tempo e a transcendência.

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11 de outubro

João Braga Simões & Camerata da Universidade do Minho

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